"Estais lixados com um F muito grande! O tipo na Pararede era conhecido pelo dispensador, pois sempre que era necessário reduzir custos o departamento dele tinha sempre alguém para dispensar".
Foi assim que me foi anunciado, por quem, tendo saído da companhia continuava a ter acesso ás novidades em 1ª mão, o sucessor de António Borges. Hoje quase 3 anos e meio depois, dadas a contingências do negócio, ou não, tenho que considerar que a única coisa notável na atuação de João Ferro, foi dispensar colaboradores, mas pior que isso é que tenho de classifica-lo como um dispensador velho, dado não possuir modo ERF (escolha) e desafinado, pois dispensa preferencialmente "notas" de alto valor e em bom estado de conservação.
Pouco tempo depois era apresentado na ultima reunião do novo Diretor Geral com os técnicos do norte, reunião onde o DG foi confrontado com alguns erros estratégicos do passado, dadas as preocupações legitimas dos presentes com a proximidade do novo concurso da SIBS.
Dessa reunião saí com a "etiqueta" de sindicalista, apesar de ser mais ou menos publico a minha militância no PSD desde 1975, de achar que o sindicalismo sensato não morde em ninguém, servindo, como é exemplo flagrante o caso da Autoeuropa em Setúbal, de motor de progesso e harmonia na empresa, e com um convite, que aceitei, para integrar um grupo de análise e proposta de melhorias, no âmbito do inquérito "Great Place To Work".
Mas na DLR Portugal não existe qualquer tipo de sindicalismo, e quanto à Gestão qualquer semelhança com a da Autoeuropa é pura coincidência. Aqui, em vez do diálogo, da transparência, da motivação, cultiva-se o medo como comprovam os monólogos em que se transformaram as reuniões gerais, onde alguns são previamente coagidos pelas chefias a não usarem da palavra, apelidam-se os bem intencionados membros dos grupos de reflexão sobre o GPTW de lunáticos, apesar do ambiente de trabalho e dos resultados operacionais e comercias da companhia deixarem progressivamente a ideia de que são outros os que não têm trazido os pezinhos bem assentes no chão.
Poucos meses depois, mais propriamente em Março de 2008, na sequência dos resultados desastrosos do concurso para assistência ao parque SIBS, estava sentado à frente do João Ferro, porque tinha sido colocado na lista de dispensáveis por um chefe pouco seguro do seu lugar (foi dispensado), a ouvir uma proposta alternativa à dispensa a que só faltava o nariz de palhaço. Apesar da proposta ser ofensiva para quem durante 18 anos tinha servido a companhia com competência e dedicação, e merecedora de um "meia volta volver", resolvi "pegar o touro pelos cornos" e depois de 3 horas de discussão e posta no lixo a proposta inicial, vi-me em Sintra, no Suporte Técnico, com condições minimamente aceitáveis e em linha com as praticadas para os coordenadores que ficaram.
Foi um desafio enorme para os meus 52 anos de idade, deixar a família e as comodidades em Coimbra, para viver toda a semana sozinho num apartamento em Sintra, abandonar o field e ingressar num escritório, onde a entrada de leão de JF fazia com que se ouvissem as moscas, e onde alguns ainda hoje não engoliram a minha ousadia.
Valeram-me os "calos" conseguidos ao longo de quase 30 anos de profissão, a maioria deles dependente de chefes tão inseguros como incompetentes, que me valeram a fama bem maior que o proveito de "mau feitio".
Mas valeu-me sobretudo, no choque inicial que normalmente é o pior, a classe, a competência, a honestidade e por fim a amizade do meu novo chefe, o mestre Jorge Augusto, que em pouco mais de 6 meses conseguiu ensinar-me mais que todos os outros em quase 30 anos e a quem aqui deixo uma vénia e um abraço de grande amizade. Por uma razão ou outra quase todos os chefes nos deixam marcas, mas o mundo seria bem melhor se todos os chefes se tornassem inesquecíveis pelas mesmas razões que nunca esquecerei Jorge Augusto.
Chorei quando JF sub-repticiamente, lhe indicou a porta de saída, muito pela falta que me fez, mas também por perceber que uma companhia que tem nos seus quadros chefias de ocasião, cujo português (língua nativa e única que falam) mais parece um dialeto, e dispensa colaboradores como Jorge Augusto, decididamente não tem futuro.
1 comentários:
Muito bom Coutinho.
Enviar um comentário