Segurança


" No ano passado houve um assalto a uma caixa multibanco cada dois dias e mais assaltos a bancos em seis meses do que em todo o ano 2007, de acordo com dados do Banco de Portugal, noticia a Lusa.



«Em 2008, a tendência do ano transacto inverteu-se e a estatística começou a evidenciar uma realidade cada vez mais preocupante», refere um dos dois especialistas do sector convidados pelo Banco de Portugal (BdP) para tratar este tema no Boletim Notas e Moedas divulgado esta segunda-feira.

Um assalto a uma ATM [caixa multibanco] por cada dois dias envolvendo montantes que ascendem a 800 mil euros, 400 casos de carjacking, 100 assaltos a bancos apenas no primeiro semestre (108 em todo o ano 2007) com montantes furtados na ordem dos 500 mil euros são números referidos por Paulo Monteiro, director de operações da PROSEGUR, empresa transporte de valores.


 Nos últimos 10 anos, Portugal passou de 2 ataques em 1998 a 83 ataques em 2007 e nos últimos 3 anos o incremento no número de ataques foi de 70 por cento, 37 por cento e 32 por cento, e o valor dos furtos ultrapassou os 8,3 milhões de euros, refere por seu turno Julio de la Sen, director da ESEGUR"

Há uma dúzia de anos atrás comentava com o meu director de serviços que não existiam assaltos às máquinas multibanco e que os actos de vandalismo se resumiam a pedradas no monitor ou à tentativa de violação dos "shutters" de saída do dinheiro como se os ladrões achassem que o dinheiro estava ali à mão de semear. Concluímos nessa conversa que o desconhecimento do mecanismo aliado à imprevisibilidade do montante existente no interior (podia ser zero) e à dificuldade em forçar a abertura do cofre, justificavam a ausência de assaltos.

Durante muitos anos a única destruição total de uma ATM tinha sido em Guimarães e nada teve a ver com assalto, mas foi incendiada pretensamente por causa do diferendo da elevação de Vizela a concelho.

A ter algum fundamento essa conclusão, o que mudou para hoje ser tão diferente? Será fácil aceitar que não só nos negócios mas também e sobretudo na segurança o segredo é a chave do sucesso. Daí que seja difícil entender que se gastem tantos milhares de euros com a segurança do software e da rede, com sucesso comprovado pois não há notícias de intromissões na Rede Multibanco e simultaneamente se tenha sido tão negligente na segurança física do dinheiro. E negligente porquê?

A SIBS paga hoje pela manutenção do parque menos de metade do que pagava há 12 anos atrás!

Nessa altura havia apenas dois fornecedores de assistência técnica, fornecedores esses com todos os técnicos como trabalhadores efectivos há pelo menos 5 anos, pagos acima dos valores de mercado e mesmo considerando que um deles subcontratava, fazia-o a ex-empregados com pelo menos idêntica antiguidade.

Esses dois fornecedores eram simultâneamente os fabricantes e responsáveis pela instalação de todos os equipamentos e o carregamento do dinheiro era feito ou pelos bancários nas agências, ou por duas empresas de transporte de valores no exterior, mas também elas com quadro de pessoal estável e por isso confiável!

Quando a SIBS  resolveu, com intuitos meramente economicistas pôr a leilão estes serviços, como se tratasse de mera criação e transporte de tomates, deveria saber que não há pequenos almoços grátis e que ia obrigar os fornecedores a reduzir as despesas pelo menos na mesma proporção. Juntando isso à abertura deste mercado a novos operadores, sem se preocupar minimamente com quem ia fazer o trabalho levou ao panorama actual:

- pulverização de modelos instalados com a consequente dificuldade de manutenção técnica;
- instalação de  todos os modelos por uma empresa de transportes sem qualificação técnica para o fazer; (motoristas técnicos de electrónica não se encontram e seriam muito caros!);
- nenhuma preocupação com a relação entre o fabricante do equipamento e o prestador de serviço de manutenção técnica, sendo nalguns casos de pura concorrência o que gera conflitos constantes que a Sibs arbitra tendenciosamente como forma de manipular o preço que tem de pagar pelos serviços.
- resultado do constante arrasar dos preços pagos pela manutenção mais de dois terços dos técnicos têm vinculo precário e uma grande parte nem sequer têm qualquer vinculo profissional com a empresa para quem trabalha. Isto passa-se com todos os fornecedores de serviços, empresas de transporte de valores incluídas.
- é dada formação, nomeadamente de como forçar a abertura dos cofres com segredo avariado a pessoas que são sumariamente despedidas 3 meses depois!

Tudo isto significou a difusão por um numero incontrolável de pessoas do que até ali era o segredo do negocio, partilhado por pessoas que tinham pelo menos o seu bom emprego a defender. Isto estende-se não só ao mecanismo interno e às fechaduras de segurança dos cofres (segredos) como aos montantes carregados que devido a actuações técnicas conjuntas são do conhecimento de todos os intervenientes no processo.

Não fossem os Bancos simultaneamente os "donos" das seguradores que arcam com os prejuízos, e da Sibs e já alguém teria sido chamado a refazer  as contas e a verificar que o barato está a sair muito caro pois apesar da espectacularidade dos rebentamentos com gás, grande parte dos assaltos é feita com recurso à violação do cofre, existindo cada vez mais casos em que são feitos cortes cirúrgicos exactamente no sitio das trancas do cofre como se tivesse sido usado um aparelho de raios X!!!


Na era das certificações não se compreende que não exista a figura de "Técnico Certificado de ATM's" e que, dada a especificidade do negócio, essa certificação não seja extremamente exigente, assim como o acesso a fornecedor de serviços do parque de ATM´s não tenha exigências quanto ao quadro de pessoal.

Por vezes devemos ter a humildade de aprender com aqueles a quem ensinamos e dizem-me que o sitio onde há menos problemas com a assistência ao parque de ATM's é em Cabo Verde onde a empresa local, feita à imagem e com o patrocínio da Sibs, farta das trapalhadas  dos fornecedores, chamou a si essa responsabilidade criando um departamento próprio de assistência ao seu parque de máquinas. A Sibs teria muito mais facilidade em fazer o mesmo e a minha experiência diz que só teria a ganhar com  isso.

Não o querendo fazer, acho que terá que esquecer o inglês maluco  que ameaçou deixar-lhe o menino nos braços, mas não teve pinta para o fazer, acreditar que a história não se repete e limitar o acesso ao seu parque a um ou dois fornecedores de referencia,  de forma a evitar o descrédito da imagem do melhor sistema multibanco do mundo, que não se compadece, não só com esta vaga de assaltos, como também com fins de semana da Páscoa sem nenhuma ATM em serviço na cidade de Faro, por exemplo!


Bibliografia:
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/multibanco-criminalidade-bancos-crime-assaltos-roubo/1031553-4071.html

PHC


Como forma de juntar mais alguns "barrotes" à jangada que me  levará desta ilha de inactividade, depois da Formação Inicial  de Formadores,  frequentei no Porto a Formação para Certificação como técnico PHC.

Foi óptimo o contacto com uma realidade que me realiza mas também conhecer uma empresa que alicerça o seu sucesso nas pessoas e nas óptimas relações de trabalho que todos os dias são cultivadas por gestão e trabalhadores.

Quando alguns só conhecem como remédio para a crise acabar com vínculos profissionais, outros consideram essa medida como a ultima das ultimas a considerar. Não é estranho que o medida do sucesso esteja em linha com esta forma de actuar.

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