Oficialmente

Hoje recebi a informação de que foi deferido o meu pedido de subsidio de desemprego.

Cerca de 1.200€ durante 38 meses. Quem me conhece sabe que preferia receber o mesmo a trabalhar, mesmo depois de nos ultimos  3 anos o que ficava disponivel no fim de cada mês ter sido menos do que teria ficado se como a maioria tivesse optado por ficar sentadinho no sofá! E o prémio foi o que conhecem....

Aqui deixo o link para o caso de alguem estar interessado em saber o que sei fazer:
     http://www.linkedin.com/in/americocoutinho

O princípio do fim

No segundo semestre de 2001 adensaram-se os rumores de que algo corria mal. A Telemática foi a 1ª a cair e em Junho de 2002 depois de uma auditoria dirigida por um tal de Fontainhas (o mesmo dos gansos) os Automatismos e a PDSL foram vendidos aos "gajos" dos dispensadores. 

A D. Idalina assumiu a Direção Geral da DLR Portugal, acumulando com a direção do Grupo Papelaco e começou a caça ás bruxas, com despedimentos em pleno corredor, etc, etc.

Também a integração dos antigos DLR (os "gajos" das contadoras) não foi fácil a ponto de hoje restarem o J. Reis e o Hugo Santos.

A "dança" de Diretores Gerais (um novo cada 6 meses) e a consequente indefinição estratégica da companhia acabou por conduzir à saída do Eng. Paulo Sousa (direção do service)  seguiu-se um processo tão estranho quanto idiota que foi o de juntar os atuais diretores da Dius numa sala (com PC, telemóvel e acesso à rede) onde puderam delinear uma estratégia comum que culminou na criação da Dius e com a queda vertiginosa da faturação do service (dos 80% do parque SIBS de 2002 chegou aos cerca de 30% no ultimo concurso).

O estranho, ou talvez não, disto tudo é que este foi o segundo processo idêntico na DLR Portugal, pois já antes de comprarem a Papelaco um diretor da DLR tinha saído, formado uma nova empresa e ficado com a maioria dos clientes da DLR, o que na altura os atirou para um apartamento com o armazém na casa de banho. Inglês não aprende mesmo, por alguma razão ainda hoje não aderiram ao sistema métrico.

Em todo este processo de substituição de "chefes" a nova DLR andou à deriva, e até porque isso convinha ao grupo da "salinha", o nível de serviço caiu para níveis impensáveis com SLA's e Uptimes ao nível da Diebold cuja assistência continuou medíocre.

Foi neste estado que António Borges um "paraquedista" vindo da Alcatel a peso de ouro encontrou o service, seguindo-se o concurso de 2005 em que a DLR perdeu cerca de metade da assistência na SIBS e quando um inglês chegou à SIBS e ameaçou fechar a DLR em Portugal e deixar a SIBS com o "menino" nos braços. Mais uma vez inglês ainda não aprendeu que quando se "saca" da pistola ou é para usar ou arrisca-se a levar um tiro com ela. Foi o que de facto aconteceu, a DLR não ganhou nada com a ameaça, mas a SIBS nunca se vai esquecer dela!

  Com ideias de quem estava completamente por fora da realidade (aquela de fazer o planeamento nacional com duas pessoas era para rir), o certo é que rapidamente conseguiu recuperar o nível de serviço apesar de não ter tido coragem para mexer na estrutura como afinal achava que devia. Prova disso foi o ter trazido para a companhia o chamado "grupo Alcatel" com Pedro Vieira e Jorge Augusto, pessoas que destoavam do "grupo Papelaco" pela sua competência técnica e capacidade de trabalho e que naturalmente nunca foram aceites por aqueles (puro instinto de sobrevivência!). Mas António Borges, apesar das sua valia técnica e capacidade para definir e colocar no terreno a estratégia correta, não tinha qualidades de chefia, antes pelo contrário. 

Chefe deve trazer pessoas da sua confiança para o ajudarem, mas depois não pode lança-los aos "abutres" porque em terreno hostil serão presas fáceis!

Chefe que passa 3 anos a dizer que não confia nos seus dois colaboradores mais diretos e não os substitui, arrisca-se a ser ele o substituído, o que aliado à natural falta de tato nas relações interpessoais quer com colaboradores quer com clientes (chefe deve ser poupado, mas fica-lhe muito mal ser "mão de vaca", por exemplo)  foi o que acabou por  acontecer a António Borges pouco tempo antes do concurso de 2008, depois de 3 anos em que a DLR foi o segundo melhor fornecedor de Assistência da SIBS, o que, apesar de alguns erros estratégicos, (assistir as ATM's da Diebold foi um deles) foi uma recuperação notável.

História

Decorria o ano da graça de 1989 e o Multibanco em Portugal era um serviço ao nivel de toda a Europa com as velhinhas Olivetti a sentirem alguma dificuldade em acompanhar a tradicional abertura dos portugueses para o novo e para o automático. Eram grandes os períodos de downtime e a veterania de grande parte do parque instalado, aliada a uma assistência técnica medíocre, já não respondia às ideias inovadoras do staff da SIBS.

Surge então um visionário de nome Duarte Viana, dono do grupo Papelaco, que era o importador e representante exclusivo da japonesa Panasonic, que detinha 2/3 do mercado de fax's, e que lançou à SIBS um desafio tentador: - Lançar no mercado português uma ATM dos franceses E. S. Dassault e formar uma equipa de assistência que garantisse um uptime superior a 98% (pago principescamente, mas também penalizado exponencialmente caso fosse menor!).
Para construir essa equipa convidou João Simões um engenheiro de Coimbra que andava perdido pelo ensino secundário a ensinar Matemática. Foi a amizade que me ligava ao João que em Junho de 1990 me fez juntar à equipa com o objetivo de abrir o novo centro de assistência de Coimbra (CAC).

Os resultados foram excelentes, fruto de uma política correta de distribuição dos lucros pelos colaboradores o que mantinha um elevado nível de motivação; mas dois anos e meio e 500 Dassault's depois surge um dilema: - As ESD encareceram e deixaram de ser competitivas e era preciso encontrar uma alternativa para um mercado em franca expansão. Foi a capacidade de arriscar do sr. Viana que mais uma vez resolveu o problema: - Lançou um desafio a uma equipa de engenheiros do ISEL e daí  à DV013 a primeira ATM portuguesa construida  na nova fábrica em Torres Vedras foi um passo.
De passo em passo chegamos a 2002, com a DV1413 e 80% do mercado de ATM's em Portugal.

No jantar de Natal de 2001 fiquei preocupado com uma conversa do Sr Viana: - Dizia ele que todos os seus amigos empresários quando tinham ultrapassado os mil empregados se tinham espatifado - isto numa altura em que o Grupo contava cerca de 1100 funcionários. Isto dito por um homem que tinha uma obsessão tal pelo número 13 que não abdicava de marcar todas as suas escrituras publicas para dias 13 era preocupante.


Ontem 23 de Maio de 2011 fui sentenciado pelo crime horrendo de ter ficado sem emprego, neste jardim socrático à beira mar plantado, às seguintes penas:
    - Termo de identidade e residência! (apresentação de 15 em 15 dias na delegação da Segurança Social de Condeixa-a-nova)
     - Aceitar o Plano Pessoal de Emprego e cumprir as ações nele previstas(?).
      - Procurar ativamente emprego pelos seus próprios meios e efetuar a sua demonstração junto do Centro de Emprego. ("...tem que enviar 3 currículos por mês, mas também lhe podem pedir 4!!!")
     - Comprovar  junto do Centro de Emprego o cumprimento do dever de apresentação quinzenal. ( ...apesar da apresentação ser registada eletronicamente! ....e viva o Simplex!)
   - Sujeitar-se a medidas de acompanhamento, avaliação e controlo, incluindo comparência nas datas e locais definidos pelo Centro de Emprego.

Não gostei da atitude da "juíza". Tão depressa dizia que os papeis que ditavam a minha sentença estavam todos mal, como também podiam estar bem! (...e como eu detesto os incompetentes! Deve ser castigo!).
Também nem quis saber daquela outra atitude da mão de ferro que sem contemplações, e por razões que a razão  desconhece e só o futuro esclarecerá, me enviou para esta situação, apesar dos 87% de avaliação do desempenho e sobretudo apesar dos 37 meses de degredo a que, mais uma vez injustamente, havia sido condenado. 
Foi fria e distante atrás da sua secretária espartana no seu cubículo à média luz.

Como Papillon não deixarei descansar as consciências de todos aqueles que por atos e omissões me conduziram até aqui e tal como Henri prometo começar hoje mesmo a construir a jangada que me há-de levar desta ilha, desta frigideira onde me querem torrar em fogo lento!

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