Reclamando 4

Senhor Ministro, Caro Álvaro:

Anexo a carta que por solicitação do Sr. Ministro da Economia e do Emprego me foi dirigida pela diretora da Delegação Regional do Centro do IEFP que desde logo me merece alguns comentários:
Bom seria que os técnicos do centro de emprego de Coimbra, no desenvolvimento da sua atividade, mostrassem sempre o zelo no cumprimento das normas e procedimentos de que faz eco a Sra. diretora. De facto isso nem sempre acontece, se não vejamos:
Quando em Maio pp fiquei desempregado fui recebido no Centro de Emprego de Coimbra, para entregar a documentação com vista à minha inscrição necessária para receber o subsídio de desemprego, que não considero uma esmola; mas um direito adquirido pelos meus 30 anos de descontos, por uma técnica que começou por dizer que a documentação estava toda errada!
Quando a confrontei com o facto de que vinha de uma empresa multinacional, com departamento de recursos humanos, que infelizmente já tinha despedido muito meus companheiros de profissão sem nenhum problema de documentação, afirmou, pasme-se, que também podia estar tudo certo!
O facto é que 2 dias depois recebia da segurança social uma carta com o cálculo do meu subsídio sem qualquer problema de documentação!
Preocupou-se a referida técnica em me informar dos procedimentos idiotas, mesmo que inscritos na lei, das apresentações quinzenais, e da obrigatoriedade de enviar 3 currículos por mês, mas que também me podiam pedir 4 (!); mas esqueceu-se de me esclarecer das normas para o caso de arranjar emprego.
É muito fácil apelidar os desempregados de preguiçosos, de subsídio dependentes, esquecendo que, sendo o facto de estar em casa, sentindo-se inútil, o pior dos dilemas dos desempregados, toda a ação do IEFP está dirigida no sentido de os manter nesta situação.
Os desempregados têm, por norma, família e filhos em casa para sustentar. Não são preguiçosos mas também não são parvos e têm como todos os seres vivos instintos de sobrevivência. Se têm garantidos 18, 24 ou 36 meses de subsídio vão aceitar um emprego do mesmo valor por 3 meses e ao fim desse tempo ficam sem nada?
Dizem-me que não; mas essa situação deveria ter sido convenientemente esclarecida pela técnica que me recebeu.
 Se no eventual trabalho só lhe pagarem metade do subsídio, a segurança social põe o restante durante os meses do subsídio?
Dizem-me que não, mas não será uma situação a ter em conta? É que a melhor forma de não se encontrar emprego é estar fora do mercado de trabalho. De qualquer forma também isso não foi esclarecido.
Porque não existe formação no IEFP para quem tem mais que o 12º ano? Porque, se quis “tirar” o CAP tive que pagar a formação e ainda vou ter de dar 50€ ao IEFP pelo certificado? Porque durante essa formação tive que faltar para ir fazer a apresentação quinzenal, pois pedir dispensa era mais complicado e demorava mais tempo? O IEFP é um instituto para o emprego ou para manter o desemprego?
Diz ainda a Sra. diretora que não dispõe de recursos humanos para convocar eletronicamente os candidatos! Ora o Estado, a mim e com certeza a mais alguns milhares, paga cerca de 1.200€/mês para “apodrecer” de inutilidade em casa, e bastará uma olhada ao nosso currículo para perceber que temos competências no manejo do Office, e como tal poderíamos fazer esse trabalho.
Aliás há outras situações que não consigo entender, como seja a falta de, por exemplo, auxiliares de ação educativa nas escolas, maqueiros nos hospitais, etc., etc., com a multidão de desempregados subsidiados que existe no nosso país!
Dirá a Sra. diretora e aqui com razão que não estão criados os procedimentos! De que está à espera para ordenar que sejam criados, caro Álvaro?
Não é com trabalho que temos que levantar este país?
Sobre o restante da missiva sinto vontade de perguntar se a diretora de um centro de emprego que não consegue expressar outro tipo de argumentos que não seja a transcrição do código do procedimento administrativo numa demonstração de insensibilidade confrangedora será a pessoa certa para ocupar o lugar? Normalmente as instituições são a imagem dos seus dirigentes!
Certo de que, apesar dos seus muitos afazeres dedicará algum do seu tempo ao grave problema dos desempregados e decidirá o que for melhor para o país, reitero-lhe a minha solidariedade e a minha vontade de contribuir para um país mais prospero e não para um país mais pobre, como, fugindo-lhe a língua para a verdade, alguém disse um dia!

Atenciosamente,
Condeixa-a-Nova, 21 de Novembro, de 2011

Américo Coutinho
accoutinho@clix.pt
Telem:966049252

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